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Tudo começou em 2004 numa comunidade de gente 'madura' do orkut, aos poucos cresceu a amizade e sintonia, apesar de vivermos em diferentes lugares. Participamos da comunidade fechada Jiló com Miolo no orkut, no Facebook, e no blog mostramos nosso 'espírito jiló'.

Você vive a sua casa?


Viver a casa é muito diferente de simplesmente morar dentro dela. Viver a casa é sentir um perfume familiar assim que você abre a porta. Ter um desejo incontrolável de correr para o seu sofá, que pode não ser o último grito do design –mas é o seu sofá. E ainda sentir que há algo mais entre móveis, bibelôs, tapetes e cortinas. É perceber que existem sentimentos e lembranças boas no ar.

Um amigo outro dia me disse ser uma pena o fato de as lojas não venderem um produto chamado aconchego. O famoso “ar de estou em casa”, gostosura máxima da vida entre quatro paredes e que, realmente, nunca esteve disponível no mercado. Porque se desse para comprar “clima de casa”... Aí sim é que ninguém ia viver a casa. Era só mais uma peça para mandar embrulhar e que poderia, com sorte, ser parcelada em até três vezes sem juros. Muito chato isso...

O gostoso da casa vivida é justamente ter de vivenciar tudo o que se pode por lá. É chamar os amigos para uma tarde de ócio criativo em volta da mesa de centro da sala, no chão mesmo e, preferencialmente, sem sapatos. Também é providenciar eventos festivos das mais variadas procedências, sem motivo – só por conta da vontade de juntar quem se gosta mesmo.

Dá trabalho, é verdade. Tem que pegar a lista de telefones, ligar pra todo mundo, ir pra cozinha fazer café, encomendar uma pizza pelo telefone, atender a campainha... Uma loucura! Mas quem disse que viver é simples? Viver a casa é um ofício, como outro qualquer. E que não tem prazo de validade. Aposentadoria da casa, nem pensar. Porque a casa é vivida até quando se vive dentro dela mesmo. E se você soubesse quanta gente mora e não vive em casa... Iria tomar um susto daqueles. Ah se ia!

E tem mais algumas coisas. Casa vivida não é perfeita. Não senhora. Uma casa com história pra contar tem parede rabiscada. E tem gente que não tem filhos por isso, sabia? Tem ainda sofá rasgado na beirada (culpa do gato, destruidor natural de mobílias). E tem outros que não adotam um bichano por isso, mais uma surpresa pra você. Tem parede que precisa mudar de cor, sempre. Porque tinta envelhece, junto com as pessoas da casa. E precisa ser reciclada com certa constância, como a gente faz com nossas roupas, com o make nosso de todo dia, com o cabelo que precisa ser cortado, pintado e penteado – não necessariamente nessa ordem.

Você imaginou que viver a casa fosse uma atividade tão complexa? E é justamente por isso que é gostosa. Tudo o que é muito fácil, acessível de mais, perde a graça. É assim no amor, no trabalho. Na nossa casa não podia ser diferente. Ainda bem!
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(texto de Cris Campos da "Casa da Cris")

Um comentário:

Veronica Arteira disse...

Que delícia de texto, Ju. Ah, eu vivo a minha casa. Adoro cada pedacinho dela e, principalmente, adoro vê-la cheia de gente. Minha casa é meu paraíso e, por isso, está sempre com alguma coisinha diferente, um detalhezinho novo, uma coisinha fora de lugar... Nada de decoração da moda, tudo tem a minha cara, as minhas lembranças, o meu jeito alegre de ser. Até o sofá com marcas das unhas dos meus gatinhos tem. Pena que eles não existem mais.
Gostei do texto e vou já conhecer a Cris.
bjssssss
Martha Veronica