Já comecei a me sentir em casa na sala de espera do aeroporto de Frankfurt quando cheguei e vi várias carinhas de brasileiros, nos reconhecemos em qualquer parte do mundo, não é?
Como eu estava em conexão vindo de Berlin, tinha 3 horas para passar no aeroporto, mas nem bem sentei e do meu lado estava um simpática senhora, que deu logo pra perceber que era baiana, mas acho que ela não me identificou como brasileira e me perguntou, em sofrivel inglês se eu iria para a Bahia, aí eu dei uma risada e contei-lhe que morava em Salvador, ela disse que era um alívio, pois fazia 3 meses que estava na casa da filha em Paris e estava preocupada em viajar sozinha. Logo me convidou para tomarmos um chocolate quente e fomos para o Café, sentamos numa mesinha e proseamos muito. Como todo baiano é divertida e adora uma conversinha.
Voltando para a sala de espera encontrei uma figura que pareceu conhecida, um homem com cabelos longos com dread, tipo rastafari. Conversando com ele descobri de onde o conhecia, tinha visto um documentário na tv alguns dias antes de viajar, sobre capoeira no mundo, e era ele, o mestre Cobra Mansa do documentário, ele viaja o mundo todo para dar aulas de capoeira. Conheci uma celebridade.
E a sala foi aos poucos se enchendo e cada vez ficando mais barulhenta, gente falando, crianças brincando, parecia que já estava no Brasil.
Viajei pela Condor, uma companhia aérea alemã, os comissários com o típico tipo germânico, arrumadíssimos, organizadíssimos, com aquele ar gentil profissional, sabe com é, né?
Calculo que 80% dos passageiros eram brasileiros, de várias partes da Europa que fizeram conexão na Alemanha. Gente na maioria jovem, que mora na Europa e que vinha visitar a familia no Brasil. Vários com crianças pequenas. Tinha gente que mora na Dinamarca, na Noruega, na Holanda, na Finlândia, na França, na Austria, na Itália, enfim brasileiros por todo o continente.
Antes mesmo da decolagem já começou a confusão, tinha gente que queria mudar de lugar e foi um tal de troca- troca sem fim, nunca tinha visto isso, mas era só o começo.
Assim que decolamos parecia que todos estavam ligados no 220, era conversa por todo o avião, risadas, uns que estavam na frente falavam com outros que estavam lá no fundo. Engraçado é que ninguém se conhecia antes de entrar naquele avião e, de repente, pareciam todos velhos amigos contando histórias uns para os outros.
Os comissários, com sorriso profissional, começaram o serviço, e carrinho pra cá, carrinho pra lá para atender e entender, eles falavam apenas alemão e ingles, e tinha gente que não falava nenhuma dessas linguas. Era engraçado ver a cara dos comissários.
Outra coisa que animou o vôo é que tinha muitos gays e eles, aos poucos, foram cada vez ficando mais exaltados, e como geralmente são muito divertidos, realmente animaram o vôo. O Johnny (o que está de óculos escuros nas fotos), é dançarino no Papaya Club da Alemanha, ele é cearense e estava vindo porque o pai havia falecido, ele estava com um lencinho preto (disse que 'de luto') no pescoço, mas foi o que mais agitou o povo.
Dava pra perceber que a tripulação estava tensa, não sabia lidar com a bagunça que começava a se instalar. Ninguém conseguiu dormir, e como o vôo foi tranquilo sem uma turbulência, as pessoas ficavam em pé, andavam de um lado para o outro, sentavam no braço das poltronas para conversar, crianças corriam pelos corredores. Eu não acreditava no que estava acontecendo. Peguei minha câmera e comecei a fotografar. Então todos pegaram as cameras e começaram a fotografar!
Quando faltava meia hora para a aterrizagem foi uma zona total, todos falavam o que iriam fazer: comer acarajé, dançar forró, ir à praia, beber caipirinha, comer feijoada da mãe. Tinha gente que ainda continuaria viagem para Fortaleza, Natal, Recife, João Pessoa, Belo Horizonte e muitos para o interior da Bahia.
Quando estavam servindo o ultimo lanche, a baiana divertidíssima que estava ao meu lado (que mora há 9 anos em Berlin), perguntou ao comissário se ele já havia feito algum vôo assim, ele respondeu que não, que geralmente vôos que tem brasileiros é mais alegre, mas que esse vôo estava cheio de energia!
Gente, inacreditável, teve momentos que eu chorava de rir com essa baiana e os gays, dava até para esquecer que estávamos num boeing a 38.000 pés de altura.
Nota: eu havia colocado fotos que fiz durante o vôo e elas não apareceram aqui, eu recebi um aviso do Blogger que excedi a quantidade de downloads da minha conta, vou ter que fazer outra conta de Gmail para postar imagens nos blogs; faz 4 anos que faço blogs, tenho 4 blogs e mais 2 que participo, também pudera, né?
3 comentários:
Ju, adoro seu jeito de escrever. Me sinto como se estivesse junto vivenciando os fatos que descreve.
Viajar é muito bom, mas voltar para casa é o máximo.
Não sei porque as imagens , ao menos para mim, não aparecem.
acho que sei o motivo de não aparecer as imagens...hehe... recebi um aviso do Google que excedi o numero de downloads da minha conta...kkkkkkk
acho que terei que fazer outra conta no Gmail, me cadastrar outra vez no Blogger...rs... e ainda terei que fazer outro blog pra mim, todos os meus estão lotados!
nem nos albuns do Picasa eu consigo colocar fotos mais!
só dá pra por fotos no Orkut.
ou então pagar para colocar mais fotos.
rsrs...
Ju, Eu já fiz um vôo assim, também.Pela sua descrição, fui me lembrando da zona que vivenciei uma vez de volta ao Brasil. Realmente dá para reconhecer um brasileiro em qualquer lugar. O alemão tem razão. É uma questão de energia...
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