Coincidência das Páscoas

Após muitos anos, neste domingo, 4 de abril, a Páscoa católica será celebrada em coincidência com a última noite da Pessach, a Páscoa judaica. Mas o que há de semelhante entre essas duas datas?
Pessach, em hebraico, significa “passagem” e representa a libertação do povo judeu da escravidão em que vivia no Egito há cerca de 3.500 anos atrás. O relato do antigo testamento, a Torá judaica, está no capítulo do Êxodo e conta todo o processo de libertação mediado pelo profeta Moisés e seu irmão Aarão

A Páscoa, em ambos os casos, é um rito de passagem, representa o renascimento, recomeço, o elo entre matéria e espírito, seja na crença cristã – marcada pela morte e ressurreição de Jesus, que tem no ovo o símbolo da vida que ressurgia no Cristo ressuscitado – ou na tradição judaica – marcada pela saída da escravidão e chegada ao conhecimento superior da Lei divina.

Pouco se fala no cotidiano, mas a ceia celebrada por Jesus Cristo e seus apóstolos na véspera de sua morte era precisamente um ritual de Pessach. O pão ázimo e o vinho representam ainda hoje nos lares judaicos o alimento compartilhado pelo povo judeu que, tendo saído às pressas da escravidão, não teve tempo para completar a fermentação do pão. No entanto, após a era cristã, pão e vinho passaram a representar o corpo e o sangue de Jesus.

Até meados do século XVI as duas celebrações religiosas coincidiam no calendário predominante na maior parte do mundo, mas a partir da adoção do modelo gregoriano pela Igreja Católica em 1582, as datas passaram a se desencontrar. Os rituais judaicos permanecem até hoje marcados pelo calendário lunar, onde os meses se iniciam sempre na lua nova, enquanto que o calendário gregoriano, predominante em todo o mundo ocidental, se baseia numa estimativa do ano solar desenvolvida por cientistas comandados pelo Papa Gregório XIII. Mesmo assim, a páscoa católica costuma coincidir com a semana de Pessach, já que a Igreja excepcionalmente estabelece a data com base nas fases da lua.

Fonte: Diário do Pará