Deu bom-dia ao espelho.
Ali estava ela, fiel amiga, no diálogo mudo de todas as horas.
Até que não estava mal: ainda de pé, ainda sorrindo, ainda sonhando...
Conferiu-lhe os traços, os sulcos, os dentes e, zombeteira, agitou os braços.
Foi plenamente correspondida.
Nos últimos tempos, depois que os filhos cresceram, passaram a se conhecer cada vez melhor.
Acolhiam-se, faziam planos, trocavam confidências e receitas, divertiam-se, fazendo comentários irônicos ou engraçados acerca de tudo... e de todos!
Cumplicidade total.
Esse era, no momento, seu grande amor.
Essa, a mulher que, ao longo dos anos, aprendera a respeitar.
Olhou-a longamente, num misto de admiração e ternura.
Depois, ajeitou-lhe os cabelos e, sentindo-se melhor do que nunca, convidou-a para o café da manhã...
(Izilda Bichara/ Escritos esparsos/08.03.2008)
Um comentário:
Zi,
a maturidade nos ensina a gostar cada vez de nós mesmas... será a convivência?
muito bonito!
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